A Barraca

Ir ao teatro só porque a cultura cai sempre bem é uma coisa, vir a um teatro popular no centro da cidade, diga-​se mesmo a meio, vindos de Belém e antes do Cais do Sodré, frente ao Tejo, é outra.
É, para mim, que já assisti a produções modestas e inesquecíveis essencial, para de vez em quando se saber que o pão é feito com água, farinha e sal. Ou como quem diz para nos conhecer a nossa história e cultura com a simplicidade de uma carcaça e rimo-​nos disso. Esta companhia teatral desde 1976, é modesta, é criativa, interveniente, faz pensar e dá a saber as tradições populares, diverte e progride. Esta companhia é como eu, e na Barraca, sinto-​me em casa. Da última vez senti-​me e sentei –me no lavadouro das francesinhas perto da Barraca pois foi lá o cenário dinâmico com o público em pleno lavadouro da peça com o mesmo nome de Hélder Costa. Uma companhia sempre a surpreender, sempre com um propósito!

Um Teatro de referencia na nossa cidade de Lisboa.
Quem como eu morou anos e anos junto da Barraca, habituou-​se a espreitar as peças para saber o que poderia ir ver.
Até as peças teatrais para os mais pequenos A Barraca tem.
A última vez que aqui estive, foi o mês passado para uma pequena conversa e leitura encenada com Catarina Furtado, Laborinho Lúcio e Carlos Matos Gomes.
Um dia apenas, uma conversa e assim se faz uma peça diferente.
Gostei muito e espero repetir a dose com outras peças deste género.
Gosto do teatro A Barraca por isto, a variedade do seu Cartaz.

O nome deste teatro, A Barraca, demonstra desde logo a intenção de apresentar peças de cariz mais popular. E mais popular aqui deve ser entendido como próximo da audiência, com temáticas relacionadas com a vida da pessoa comum, com metáforas tradicionais populares e com a história de Portugal. Frequentemente esta companhia leva a cena peças em espaços diferentes da sua sala de teatro, mas relacionados com a peça em questão, dando ainda mais realismo à representação, facto que muito aprecio. Este ano já o fizeram por exemplo com uma peça sobre Santo António, representada no claustro da Sé de Lisboa ou uma peça mais recente que foi representada no Lavadouro das Francesinhas, na Madragoa, e cujas actrizes representavam o papel de lavadeiras.

Esta instituição de utilidade pública é uma referência desde a minha infância. O Largo de Santos recebeu há décadas este espaço, que já não seria o mesmo se ele não existisse.
Várias obras foram exibidas para públicos diversificados. A minha estreia foi a peça «Felizmente há Luar» de Sttau Monteiro, um clássico da literatura dramática portuguesa.
A partir daí, não hesito todos os meses em espreitar o cartaz e as peças em cena. É quase uma obrigação fazer uma vénia quando se entra neste teatro, com uma história e um contributo vital na área cultural nacional e para o desenvolvimento do sector cultural e artístico de Lisboa.