Armazém Xango

Esta casa é bastante interessante. Talvez fique com essa impressão porque não estou habituada a este ramo de negócio mas o que é certo é que me surpreendeu a primeira vez que entrei. Achei muito caricata a montra com muitos santinhos amontoados e perguntei-​me o que seria este comércio. Pois entrei e vi muito material para complementar as rezas do oculto. A maior parte parte (95%) não sei para que serve mas são coisas caricatas, sem dúvida. O senhor foi simpático e deu-​me a nítida sensação que está habituado a que as pessoas entrem apenas por curiosidade, ele sabia que eu não ía comprar nada… Será que adivinhou?

Alguma vez se perguntaram onde é que o Professor Mambo, Mães-​de-​santo, devotos do Umbanda e demais companheiros de profissão mística compram o material de trabalho? Talvez seja uma pergunta rebuscada mas tem resposta! É aqui. No Armazém Xango encontra-​se mais ou menos tudo o que é preciso para rezar, fazer feitiços, combater o mau olhado, ler a sina, ter sorte e todas essas coisas que os espíritos e as contas bancárias nigerianas exigem. Se calhar estou a ser mauzinho, que a malta do candomblé leva a coisa muito a sério e ainda bem, porque se dependesse da minha seriedade sobre o assunto o Armazém Xango não fazia negócio. A loja é pequenita e está discretamente remetida numa passagem de um edifício, a meio da Almirante Reis. Está recheada até ao tecto de figuras de todos os tamanhos, desde aquelas que se usam no bolso até às que se pões num altar de 2m. Vende velas, ervas, conchas, cartas de tarot, amuletos, pós, roupas para rituais, loiça, livros, incensos, perfumes, caveiras, pimentas e só não vi galinhas vivas porque também não vi as facas para lhes cortar o pescoço. A loja não tem decoração mas tendo em conta o que vende seria árdua a terefa de a embelezar. O casal que aqui trabalha é simpático mas notou-​se alguma desconfiança quando paguei a mãozinha de madeira que escolhi de um cesto cheio delas. Ao que parece, é um amuleto contra o mau olhado mas eu chamo-​lhe porta-​chaves. Gosto deles de madeira trabalhada toscamente e finalmente encontrei um com o tamanho ideal para substituir a miniatura que os meus pais trouxeram há séculos de Salvaterra do Extremo.