Atelier-Museu Júlio Pomar

Com pouco mais de 6 meses, o Atelier-​museu Júlio Pomar é um local de visita obrigatória para qualquer pessoa que aprecie arte. Neste espaço, recuperado pelo arquitecto Siza Vieira, estão e estarã patentes obras doadas à Fundação Júlio Pomar pelo próprio autor.
A ideia é este espaço ser utilizado para exposições e eventos diversos, com obras não só de Júlio Pomar mas também de outros artistas. Senti-​me muito feliz ao visitar este espaço por finalmente haver um local onde se possa contemplar mais algumas das obras deste artista contemporâneo e prestar-​lhe a devida homenagem em vida.

Acabei de ir visitar o atelier-​museu Júlio Pomar. Já andava a acompanhar as notícias há algum tempo e até vi entrevistas com o artista e a responsável pelo espaço. E como está pertíssimo de casa, já não tinha desculpa para não passar por lá. Aproveitei que está uma exposição de desenho, com curadoria de Delfim Sardo, para ir ver o espaço e os trabalhos de 4 importantes nomes das artes portuguesas: Siza Vieira (que também é o autor do projecto arquitectónico do atelier-​museu), Fernando Lanhas (aproveitem para ver algumas das famosas pedras pintadas), Luís Noronha da Costa e o próprio Júlio Pomar com uma série fantástica de desenhos de uma caveira. O espaço abre-​se como um respiro ali naquela rua estreita e os diversos pormenores da arquitectura tornam a visita ainda mais sedutora.

Muito criticam os portugueses por serem saudosistas. Mas, na verdade, eu compreendo a razão deste sentimento tão profundo de nostalgia. Afinal, é com um incontido orgulho que descobrirmos as aventuras e a coragem do rei Dom Afonso Henriques, sem o qual este país não existia. É com surpresa que enumeramos a quantidade de terras desbravadas por portugueses nos gloriosos séculos XV e XVI. E é com avidez que devoramos cada frase escrita por um irónico Eça de Queiroz ou por um complexo Fernando Pessoa.
Não condeno a nostalgia. Porém, este sentimento não nos pode cegar. É ótimo relembrar feitos passados, mas devemos olhar com o mesmo espanto e curiosidade para génios contemporâneos. E, que não haja dúvidas, Júlio Pomar é apenas uma das figuras que compõe essa longa lista. Para quem não tem assim tanta certeza, que vá visitar o Atelier-​Museu. Sou uma presença cativa deste espaço, onde, para além de admirar pela centésima vez o acervo deste multifacetado artista (nomeadamente os ímpares azulejos), fico sempre boquiaberto com o belíssimo pedaço de arquitetura que é este Atelier-​Museu. O autor é outro génio contemporâneo que pertence à tal «longa lista»: Siza Vieira.