Pollux

Quem vem à Pollux pela esplanada habilita-​se a uma gigantesca desilusão. Venham pelas esponjas, os pratos, as toalhas, as napas, as lancheiras, as canetas, as decorações pirosas, as flores artificiais, a vista alegre, os trens de cozinha, venham por tudo menos pela esplanada.
A Pollux um lugar especial no meu imaginário infantil da baixa e tem coisas que dificilmente se encontra noutro lugar e é por isso que vale a pena. Tem algumas coisas menos boas, a maior parte dos empregados é mal encarado, há mais empregados que clientes, tem de se pagar a cada andar e a porcaria da esplanada. Adoro a Pollux pelos produtos, odeio pelas pessoas. Desse casamento difícil saiem as três estrelas.

Se a Pollux já me fascinava antes, agora ainda me fascina mais! Numa época de grandes superfícies de coisas baratas para casa e jardim, a Pollux vai resistindo com o seu estilo bem «old school». Está tudo mais ou menos igual ao tempo em que ia lá com a minha avó comprar utensílios de cozinha.
Talvez os preços não sejam um bocadinho caros. Talvez haja mais barato em bazares chineses ou em grandes superfícies — se conseguirem encontrar, mas aqui os produtos são de qualidade, a maior parte deles já vêm montados e o atendimento é bastante personalizado.
Outra coisa que distancia a Pollux de qualquer tipo de concorrência é reunir no mesmo espaço tanta variedade de produtos e para coisas tão específicas. Por exemplo, onde é que vos ocorreria comprar uma coisa que impede os tapetes de derrapar, um afiador de facas ou um utensílio que tire os caroços das maçãs? E para o derradeiro desafio: onde comprariam enchimento para almofadas? Está tudo na Pollux e espero que continue lá por muitos anos.

A vista é óptima, num lugar totalmente inusitado. Os preços são normais. As funcionárias são antipáticas e fecha as 19h no verão, sem margem para mais um minuto!

A Pollux era, com o Braz e Braz, a referência maxima para comprar tudo o que uma casa necessita, desde os básicos até aos elementos decorativos, passando pelos brinquedos ou pelas nobres peças de cristal, sem esquecer os colchões, almofadas ou alguidares. A lista de artigos já ali comprados seria próximo do interminável, porque, com a esplanada que agora nos brinda, a Pollux é sempre de passage obrigatória para um presente personalizado e, brevemente, para pensar nas decorações de Natal.

A novidade de uma casa que nos era estranha até a escolhermos, confronta-​nos com a necessidade de a tornarmos nossa, de a viver. Numa palavra: habitá-​la. É preciso tudo para tudo: WC, cozinha, quartos, sala, jardim.
Felizmente, em Lisboa temos a Pollux. Fundada em 1936, nas secções divididas pelos nove pisos do edifício original, encontramos tudo o que uma casa precisa. Se o mercado dos artigos para o lar fosse uma partida de streetball jogada na Baixa, a Pollux seria o jogador mais alto, lá no topo a distribuir pontos sobre a tabela adversária. São nove andares de possibilidades. Possibilidades auxiliadas por profissionais identificados empenhados em fornecer todas as informações necessárias. Não há recém-​licenciados em história a dar conselhos sobre sanitas e lavatórios, nem professores sem colocação a sugerir opções para a cozinha. Há profissionais do lar. Pessoas que conhecem o que vendem porque vendem o que também é delas: o conforto de uma casa.
No oitavo andar a Pollux dedica a oferta às flores artificiais e a outra coisa bem mais bonita e sem preço: a cidade de Lisboa. Subindo o andar que o elevador não sobe (vai apenas até o 8º-​piso), temos acesso a um miradouro inesperado com uma das vistas mais agradáveis sobre a capital. Da varanda do café da Pollux vemos o elevador de Santa Justa em frente e a Baixa de ponta a ponta. Depois da aventura exaustiva que é personalizar um novo lar, podemos relaxar, bebericar um café e desfrutar da paisagem. Na Pollux, encontramos tudo o que um lar precisa e um olhar panorâmico único sobre Lisboa. A cereja no topo do bolo. Bem no coração da cidade que não se cansa de dar as boas-​vindas.

Ainda há quem pense que o Pollux se resume a tachos, panelas e demais acessórios para o lar (que já de si são óptimos, tenho a dizer), o que é uma pena. Mas, num dia que estejam com vontade de ir à descoberta, subam ao 9º andar, relaxem, tomem um café. Saber-​vos-​à melhor do que em qualquer outro momento do dia. Se não tiverem companhia, não faz mal. A baixa lisboeta e o Tejo serão óptimas companhias.
Saboreiem tudo, incluindo a vista. Afinal, os olhos também comem, não é verdade?

No outro dia andando pelas ruas da baixa descobri que um colega meu Lisboeta não conhecia a esplanada da Pollux… e entendi que realmente se trata de um dos segredos ainda ocultos para muita gente. Quando se deseja ver uma vista magnífica sobre Lisboa inevitavelmente pensamos em miradouros, topo de hotéis ou elevadores e não em armazéns de variedades de decoração para a casa. Pois bem… está errado! Basta entrar na Pollux, carregar no botão que nos leva ao 8º piso, subir mais umas escadas até ao nono e entre flores e uma cafetaria descobrimos uma esplanada simples mas com uma vista invejável.
A cerveja não é cara e permite fins de dia agradáveis a apreciar o que se passa nos telhados da baixa Lisboeta.

É um dos segredos mais bem guardados da Rua dos Fanqueiros. Quem passa à porta da Polux nem imagina que, por entre tachos e panelas e artigos para o lar se esconde uma das mais belas vistas sobre a cidade de Lisboa. Basta subir pelo elevador até ao 8º andar e seguir as escadas que conduzem ao 9º andar para ficares com a baixa lisboeta aos teus pés.
E melhor ainda: como é um local relativamente desconhecido dá para arranjar mesa facilmente para beber um café e ler o jornal, sem muitas pessoas à volta como acontece com a maioria das esplanadas da baixa. Atenção que o serviço de cafetaria não é propriamente a Confeitaria Nacional, mas podes beber um café por 50 cêntimos em plena baixa lisboeta e ainda apreciar as vistas!