Rádio Comercial

Por vezes, viajar de automóvel é um martírio. Não, não me estou a referir às longas filas de trânsito, ao preço das portagens, nem aos motoristas imprudentes e até irresponsáveis. A verdade é que encontrar uma estação de rádio que seja amiga dos meus ouvidos e que me faça companhia durante todo o percurso é uma tarefa cada vez mais árdua. É raro encontrar uma alternativa aos gira-​discos gigantes que dominam as ondas do éter, com pouca palavra e muita playlist — ou seja, músicas repetidas até à exaustão e sem qualquer critério de escolha.
Infelizmente, a Rádio Comercial enquadra-​se nesta definição. Tal como acontece com a maioria das rádios portuguesas, esta estação aposta bastante no horário nobre deste meio de comunicação (ou seja, na parte da manhã), repleto de rubricas de humor e de entrevistas, mas, salvo óptimas excepções (como o novo programa do Diogo Beja), o resto do dia é ocupado pelas mesmas canções de sempre, de «2000 para a frente», o que diminui a variedade musical… e o meu interesse pela Rádio Comercial.
Mais programas de autor — com entrevistas, uma maior interacção com os ouvintes e uma escolha de músicas mais criteriosa, mantendo-​se a actual aposta na produção nacional — é o pilar que falta para sintonizar mais vezes a Rádio Comercial… e deixar de viajar de automóvel com tanto tormento!

Gosto da Rádio Comercial logo pela manhã, quando o Nuno Markl, o Pedro Ribeiro, a Vanda Miranda e o Vasco Palmeirim, se juntam. Então na altura da rubrica Mixórdias de Temáticas do genial Ricardo Araújo Pereira, não perdia uma. Voltei a ouvir esta estação só por eles, pois ao nível musical, não é a minha rádio de eleição.

Ás vezes penso que já sou um bocadinho antigo, pois comecei a ouvir a Comercial quando a rádio ainda era feita com os saudosos discos de Vinil, saudosos anos 80.
Os senhores desta rádio eram precisamente o Luís Filipe Barros com o Rock em Stock, e mais tarde com as Ondas Luisianas, o António Sérgio, com a sua voz inconfundível na apresentação do Som da Frente. Houveram outros nomes que marcaram esta emissora, como o José La Féria, o Celestino Alves, o Julio Isidro, e tantos outros
Depois com o surgimento das rádios piratas, passei por outras ondas, mas depressa regressei à Comercial para ouvir o programa da manhã com a Ana Lamy, o Carlos Malato e o Nuno Markl, com a Susana da Mata no transito, era um galhofa de programa, todas as manhãs.
Depois vieram o Pedro Ribeiro e o Nuno Markl, e com a saída da Ana Lamy, é substituída pela Maria de Vasconcelos, onde se inicia uma nova etapa da estação, com o manhãs da Comercial. Foram os tempos de ouro do Homem que mordeu o cão (sou fã desta rubrica)
Actualmente continuo a ouvir a Comercial, basicamente de manhã com a equipa do Pedro, Vanda, Nuno e Vasco, porque são muito bem dispostos e fazem-​me rir pela manhã… são uma excelente companhia.
Ah, ia-​me esquecendo daquele fenómeno que foi um ano a ouvir o Ricardo Araújo Pereira, com a sua rubrica Mixórdia de Temáticas, que era de ir ás lágrimas de tanto rir… que grande entertainer e comunicador que é o Ricardo… gostava muito que ele voltasse por mais um temporada.
As músicas que a equipa da manhã, actualmente o Vasco Palmeirim faz são sempre um outro momento alto das manhãs da Comercial.
Esta rádio tem marcado a minha existência

Eu sou do tempo da Comercial do António Sérgio, que na recta final da vida deu uma alma grande à Radar, e o seu «Som da frente», do Luís Filipe Barros com o Rock em Stock e as febres de sábado à noite no Rock Rendez-​Vous e do top dos tops, o TNT do Jorge Pego. Irritava-​me a Renascença e preferia a Comercial. Depois foi um pouco ao fundo e nesta nova era, integrada no grupo Media Capital, resolveram segmentar e agora o slogan é «a melhor música de 2000 em diante». Terá sido eficaz em termos de captação do público mais jovem, mas não aguento sempre os mesmos alinhamentos, tantas vezes simultâneos com outras «rádios» do grupo, como é o caso da cidade FM. Ainda por cima para os mais cotas fizeram a M80 que não faz de todo o meu género. Para quê quintais? Que mal tem alinhar um Prince ou uma Tina Turner com a Rhianna ou o Ritchie Campbell?